Normativas para Desenvolvimento e Avaliação de Tecnologias Educacionais Acessíveis

Maceió, 13 e 14 de dezembro de 2018

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Sumário

Concepções gerais        6

Contextualização        6

REFERÊNCIAS        9

Design Universal de Tecnologias Educacionais        9

Os 7 Princípios para o Design Universal de TE        11

1. Uso Equitativo/Igualitário        11

2. Flexível no Uso        11

3. Uso Simples e Intuitivo        11

4. Informação Perceptível        12

5. Tolerância ao Erro        12

6. Baixo Esforço Físico        12

7. Dimensões e Espaços para Aproximação e Uso        12

GLOSSÁRIO        13

Critérios/Checklist        16

Princípio 1: Uso equitativo        17

1a. Fornecer os mesmos meios para todos os usuários: idêntico quando possível, equivalente quando não for.        17

Apresentar Informações gráficas em formato alternativo de texto.        17

Apresentar audiodescrição e/ou descrição textual para vídeos, animações e outros recursos multimídias.        17

Apresentar conversão automática para formato de áudio do que está sendo acionado, pelo usuário, por teclas e/ou botões periféricos.        18

Garantir a linearidade no fluxo da informação na alternativa sonora ou tátil, mantendo a mesma estrutura e conteúdo do que é percebido visualmente na interface.        18

Tornar o acesso ao conteúdo e à funcionalidade operável via teclado.        20

Apresentar links com descrição do conteúdo a ser direcionado.        20

Apresentar formato alternativo de áudio ou tátil para feedback visual das operações do usuário na interface.        21

Apresentar informações gerais da Tecnologia Educacional por vídeo em Libras.        21

Exibir indicação clara sobre a disponibilidade de informações por vídeo em Libras como alternativa ao português oral ou escrito.        22

Substituir o uso de sinais sonoros por sinais visuais claros.        22

Disponibilizar as informações veiculadas em Libras, com exposição em vídeo observando as normas NBR 15290 e NBR 15599 da ABNT (2005, 2008).        23

Disponibilizar alternativas à operação por voz, de forma que não exista dependência da produção oral no padrão dos indivíduos ouvintes sem queixas de linguagem.        24

Oferece versão de acesso via tela touch como forma alternativa de acesso.        24

Sugerir materiais e métodos alternativos para apoiar a consolidação da aprendizagem através de meios mais concretos.        25

Oferecer exercícios em formatos variados para a consolidação de conteúdos a curto e longo prazo.        25

1b. Evitar segregar ou estigmatizar qualquer usuário.        26

Fornecer as informações em Língua Brasileira de Sinais.        26

1c. Privacidade, segurança, inocuidade devem ser igualmente disponíveis para todos os usuários.        26

Permitir exibir/ocultar informações confidenciais.        26

2. Fornecer informações que possibilitem que pessoa saiba quais dados estão sendo armazenados, editados ou disponibilizados para uso por outras  partes.        26

3. Fornecer Termos de Uso claros e diretos        27

1d. Tornar o design atraente para todos os usuários.        27

Princípio 2: Uso flexível        28

2a. Fornecer diferentes escolhas no método de uso.        28

Fornecer acesso e operação por meio de comando de voz ou por  direto ou redução da fonte do texto apresentado na interface.        28

Permitir ampliação total ou parcial do que está sendo exposto na interface.        28

Permitir o aumento do espaçamento entre as linhas do texto apresentado na interface.        29

Permitir alteração no contraste, entre claro e escuro, do que está exposto na interface.        29

Correlacionar a saída alternativa de áudio ao que está exposto visualmente na interface.        30

Apresentar as informações gerais da Tecnologia Educacional em formatos alternativos ao português escrito.        31

Apresentar indicação clara sobre a disponibilidade do português escrito como alternativa ao português oral.        31

Apresentar a substituição de sinais sonoros por sinais visuais claros. As instruções relativas aos sinais sonoros apresentados (e substituídas por alternativas visuais) devem ser explicadas com uso do português escrito.        32

Apresentar legendas com conteúdos fidedignos às informações veiculadas na modalidade oral, quando for o caso.  No caso de explicações veiculadas em áudio ou em vídeo com áudio, o material deverá vir com legendas, de acordo com as  normas NBR 15290 da ABNT (2005).        32

Permitir ajuste no brilho e/ou iluminação do que está exposto na interface.        33

Apresentar alternativa para uso de cores como meio para transmitir informações, indicar uma ação, pedir uma resposta ao usuário ou distinguir um elemento visual.        33

Garantir a mesma configuração e estrutura do que é exposto na interface quando ocorre a ampliação dos conteúdos.        34

Disponibilizar alternativas à operação por voz, de forma que não exista dependência da produção oral no padrão dos indivíduos ouvintes sem queixas de linguagem.        34

Possibilitar substituir o uso do mouse por vias alternativas como teclado, sopros, pequenos ruídos ou movimentos voluntários mínimos.        35

Possibilitar o uso de Simuladores de Teclado.        35

Possibilitar configuração para operação apenas com uma das mãos.        36

2b. Acomodar acesso e uso por destros e canhotos.        36

Possibilitar uso por pessoas destras e canhotas (permanentes ou temporárias).        36

2c. Favorecer acurácia e precisão do usuário.        37

Possibilitar que a  repetição da ação de teclar seja acionada por pressão contínua e essa funcionalidade deve ser ajustável até pelo menos 0,5 segundos.        37

2d. Fornecer adaptabilidade à velocidade do usuário.        37

Possibilitar o controle da velocidade do que é apresentado em formato sonoro, por leitor de tela ou recurso multimídia, com possibilidade de acionar diversas funções como retroceder, avançar, pausar e retomar o conteúdo.        37

Possibilitar opções de ajuste de temporização no caso de exigência de tempo na operação do conteúdo, funcionalidades ou navegação relevantes aos objetivos pedagógicos ou de gestão.        38

Possibilitar o livre retorno a conteúdos anteriores para revisão e conferência.        38

Possibilitar a realização livre de pausas para intervalos durante o uso.        39

Princípio 3: Uso simples e intuitivo        40

3a. Eliminar complexidade desnecessária.        40

Usar português no material escrito para veicular as informações e o conteúdo da Tecnologia Educacional, observando a faixa etária alvo do produto. Os enunciados deverão ser organizados de modo a facilitar a compreensão, evitando-se períodos longos, sentenças em ordem inversa e palavras de baixa frequência, com o objetivo de facilitar a compreensão dos enunciados.        40

Possuir organização das informações visuais, linguísticas ou não, clara e intuitiva, com uso de recursos icônicos visuais, preferencialmente aproximados da Libras.        41

3b. Ser consistente com expectativas e intuições do usuário.        41

Alcançar os objetivos a que se propõe para cada nível de escolaridade e conhecimentos específicos esperados.        41

3c. Acomodar uma ampla gama de habilidades de letramento e linguagem.        42

Promover sinalização em Libras nos vídeos de forma clara e condizente com a faixa etária alvo do produto.        42

Apresentar explicações adicionais para sinais específicos da libras que forem usados, assim como os sinais dos dispositivos técnicos referentes ao produto.        42

3d. Organizar informação de maneira consistente de acordo com sua importância.        43

Possibilitar que o primeiro atalho da TE leve à página de informações sobre acessibilidade.        43

3e. Fornecer auxílio e retorno durante tarefa e após conclusão de tarefa.        43

Fornecer constante feedback sobre o aprendizado.        43

Concretizar o conteúdo através de exemplos.        44

Princípio 4: Informação perceptível        45

4a. Utilizar diferentes modalidades (visuais, verbais, táteis) para apresentação redundante de informação.        45

Apresentar saída redundante que descreva as informações visuais essenciais expostas na interface, possibilitando a percepção e interpretação do todo pelo usuário.        45

Apresentar a informação de modo que o maior número de pessoas possa compreender.        45

4b. Fornecer contraste adequado entre informação essencial e seus arredores.        46

Destacar a informação mais importante.        46

4c. Maximizar "legibilidade" de informação essencial.        46

Usar tamanhos de fonte, cores, negrito, itálico ou níveis de cabeçalho para tornar a informação essencial mais legível e/ou identificável.        46

4d. Diferenciar elementos de maneira que eles possam ser descritos (i.e., tornar fácil dar instruções ou direções).        47

Usar formas, direções, relevos ou outros elementos que possam ser descritos.        47

4e. Fornecer compatibilidade com uma variedade de técnicas ou dispositivos usadas por pessoas com limitações sensoriais.        47

Possibilitar o uso de periféricos de tecnologia assistiva.        47

Princípio 5: Tolerância a erros        48

5a. Organizar elementos para minimizar riscos e erros: elementos mais utilizados, mais acessíveis; elementos que trazem risco devem ser removidos, isolados ou guardados.        48

Possibilitar que informações sejam ocultadas.        48

5b. Fornecer avisos de riscos e erros.        48

Exibir avisos e alertas sonoros para sinalizar erros, acertos ou finalização de tarefas.        48

5c. Fornecer recursos seguros contra falhas.        49

Possibilitar que uma ação seja revertida.        49

5d. Desencorajar ações inconscientes em tarefas que exigem vigilância.        49

Fornecer alertas ou barreiras antes de situações que não podem ser revertidas.        49

Princípio 6: Baixo esforço físico        50

6a. Permitir que usuário mantenha uma posição corporal neutra.        50

Permitir que a pessoa permaneça sentada ou em pé de forma alinhada durante todo o tempo.        50

6b. Usar forças de operação razoáveis.        50

Possibilitar utilização com baixo esforço físico e sem a necessidade do uso das mãos.        50

6c. Minimizar ações repetitivas.        51

Permitir a criação de atalhos ou criar automaticamente atalhos para os links mais acessados.        51

6d. Minimizar esforço físico continuado.        51

Exigir o mínimo de esforço perceptual.        51

Exigir baixo esforço cognitivo.        51

Princípio 7: Dimensões e espaços para aproximação e uso        54

7a. Fornecer uma linha de visão direta a elementos importantes para qualquer usuário sentado ou em pé.        54

Disponibilizar a TE na altura do alcance do olhar das pessoas que  irão utilizá-la.        54

7b. Tornar ao alcance de todos componentes para usuário sentado, em pé ou deitado.        55

Disponibilizar a ação necessária para utilizar o material da TE ao alcance manual do usuário, sem que ele precise se deslocar no espaço.        55

7c. Acomodar variações de formatos e tamanhos de mão.        57

Fornecer um meio de operação alternativo acessível sempre que partes operáveis da TE exijam agarrar, comprimir ou fletir o punho para acionamento ou funcionamento das funcionalidades.        57

7d. Fornecer espaço adequado para o uso de dispositivos assistivos ou auxílio pessoal.        58

Fornecer espaço adequado para cadeirantes.        59

Minuta do projeto

Normativas para Desenvolvimento e Avaliação de Tecnologias Educacionais Acessíveis

Concepções gerais

As tecnologias educacionais, se acessíveis, potencializam a participação equitativa de todos os usuários, podendo ser gestores, professores e alunos, de modo a garantir a minimização de barreiras na interface de ações entre o sujeito e ações empregadas em seu uso.

Contextualização

“Que possa dizer minha palavra, que tu possas dizer tua palavra e que juntos possamos tecer palavras integradoras.” (ALVES, 2016). Por aqui passa a construção de um mundo, de uma educação para todos. Possibilitar “o lugar” de pertencimento, de convivência, de interação, criatividade e de autoria a cada sujeito em sua diversidade e singularidade, eis o grande desafio dos recursos e tecnologias educacionais  universais (TEU)[a][b].

Neste sentido, o conceito de pessoa com deficiência expresso no artigo 2º da Lei Brasileira de Inclusão define de forma precisa  a diferença entre deficiência e desvantagem. A interação com as barreiras é o que obstrui o direito da participação plena de todos os sujeitos singulares em diversos espaço, tempos e contextos educacionais, culturais, sociais ou laborais. Portanto,  tornar as tecnologias educacionais acessíveis a todos é um princípio de direito à cidadania, do direito à informação, um direito humano inalienável também expresso na Convenção Internacional de Direitos da Pessoa com Deficiência, incorporada ao texto constitucional por meio do Decreto 6949/ 2009.

O artigo 9º da Convenção trata exclusivamente da acessibilidade e orienta as nações a   tomarem medidas apropriadas para assegurar acessibilidade para pessoas com deficiência em igualdade com as outras pessoas, no ambiente físico, no transporte, na informação e comunicação, incluindo tecnologias de informação e comunicação, e em outras infra-estruturas e serviços abertos ao público em áreas urbanas e rurais. Destaca ainda o artigo: “a importância de se promover a criação, desenvolvimento, produção e distribuição de tecnologias de informação e comunicação acessíveis o mais rápido possível, para que a sociedade da informação torne-se inclusiva com custo mínimo”.

O Decreto 5296/2004 e as Leis 10048 e 10098 traçaram garantias fundamentais para a acessibilidade nos aspectos físico, comunicacional e atitudinal. No plano físico denominamos toda a forma de acessibilidade que viabilize o direito de ir e vir e a locomoção das pessoas com deficiências e mobilidade reduzida. No plano comunicacional, a toda supressão de barreiras no sentido de garantir à pessoa com algum impedimento à comunicação de ter acesso a formas alternativas de se comunicar e relacionar com o meio ambiente físico e virtual. No plano atitudinal, denominamos as garantias pelo poder público no sentido de capacitar a sociedade para o melhor relacionamento e percepção acerca das necessidades das pessoas com deficiências, seja enquanto usuário de serviços essenciais oferecidos, ou na condição de cidadão.

Acessibilidade e inclusão social são aspectos imprescindíveis na sociedade contemporânea com o  avanço das tecnologias. O homem passou a construir-se enquanto ser que deseja e luta por ambientes físicos e sociais. Isto faz com que o biológico se integre com estruturas físicas, materiais, concretas. Por outro lado a subjetividade, o sentimento de pertença, a interação social, a diversidade faça parte do cotidiano. Assim, a sociedade desenvolve a cada dia estratégias para que todos os seus membros possam fazer parte das atividades; cotidianas, profissionais relacionadas à saúde, educação, trabalho, cultura esporte e lazer. (FERNANDES; ORRICO, 2012, p. ).

Nesta perspectiva, o enfoque não é mais a pessoa com deficiência, mas o meio em que ela vive e como este meio poderá colaborar para o estímulo do potencial desta pessoa. Que as Tecnologias Educacionais Acessiveis sejam espaços em que se abram múltiplas vias de comunicação, é estimulado que pessoas com alguma demanda de ordem física, sensorial, intelectual ou mesmo emocional, temporária ou definitiva, possam se expressar e se comunicar com os recursos que possuem. Dessa maneira, este documento tem como proposta impulsionar a consciência de que todas as pessoas têm o direito a autoria de pensamento e de vida, de se perceber como sujeitos únicos, singulares e interdependentes.

Seguindo esta  linha de pensamento, Fernandes e Orrico (2012) aliam a atenção à acessibilidade com o conceito de qualidade de vida da Organização Mundial de Saúde, como proposto pela Whoqol Group (1998), que define a qualidade de vida pela percepção que um indivíduo tenha sobre sua posição na vida em relação aos seus objetivos, padrões e preocupações. Este é um reconhecimento da multidimensionalidade do construto que envolve diversos domínios da vida de uma pessoa (físico, psicológico, nível de independência, relações sociais, meio ambiente e crenças sociais). O domínio do ambiente é um dos vetores fundamentais para a percepção da pessoa sobre sua qualidade de vida e nele se encontram envolvidas as oportunidades de adquirir novas informações e habilidades.

Este documento apresenta princípios e critérios para a criação e avaliação de tecnologias educacionais acessíveis na perspectiva do Design Universal (DU), que possam ser consideradas, portanto, como Tecnologias Educacionais Universais.

Referências

ALVES, M. D. F. Práticas de Aprendizagem Integradoras e Inclusivas: autoconhecimento e motivação. Rio de Janeiro: WAK, 2016

FERNANDES, Edicléa Mascarenhas; ORRICO, Helio Ferreira. Acessibilidade e Inclusão Social. Rio de Janeiro: Deescubra, 2012.

GRUPO WHOQOL.Organização Mundial de Saúde. Instrumentos de Avaliação de Qualidade de Vida. Disponível em www.ufrgs.br/psiq. Acesso em 10 de fevereiro de 2008.

 


Design Universal de Tecnologias Educacionais

Com base na definição original de Design Universal[1], considera-se que o Design Universal de Tecnologia Educacional (TE) é o projeto e a composição de uma TE que possa ser acessada, compreendida e usada:

— Na maior extensão possível;
— Da maneira mais independente e natural possível;
— Na maior variedade de situações possíveis;
— Sem a necessidade de adaptação, modificação, tecnologia assistiva ou soluções especializadas;
— Por qualquer pessoa, de qualquer idade, gênero ou tamanho, ou com qualquer habilidade física, sensorial ou intelectual, ou incapacidade, que desejar usá-la.

Não se espera o projeto de uma TE que atenda às necessidades de 100% da população, mas que se idealize e explore soluções de design que sejam mais inclusivas, sem comprometer a integridade ou a qualidade da TE. O projeto de uma TE deve combinar recursos de design acessíveis e utilizáveis com recursos personalizáveis ​​ou adaptáveis, juntamente com soluções de design mais especializadas que lidam com problemas de acessibilidade mais extremos. O Design Universal de TE é uma condição fundamental de um bom projeto: se uma TE é acessível, utilizável, conveniente e agradável de usar, todas as pessoas se beneficiam.

Os 7 Princípios do Design Universal foram desenvolvidos em 1997 com o objetivo de orientar o projeto de ambientes, produtos e comunicações. Nesta seção, os 7 Princípios são apresentados, discutidos e exemplificados no contexto de TE. Esses Princípios podem ser aplicados para avaliar TE existentes, guiar o processo de design ou redesign de TE, e educar toda pessoa envolvida com o design, avaliação ou uso de TE, sobre as características de TE mais utilizáveis.

1. Uso equitativo

2. Uso flexível

3. Uso simples e intuitivo

4. Informação perceptível

5. Tolerância ao erro

6. Baixo esforço físico / operável com o menor esforço físico possível

7. Dimensões e espaços para aproximação e uso

Com base na definição original e nas adaptações propostas de Carletto e Cambiaghi (2008)[2], abaixo, os sete princípios são apresentados e explicados no contexto de TE.

Os 7 Princípios para o Design Universal de TE

1. Uso Equitativo/Igualitário

tornar igual, equivalente, igualar, pôr em paralelo

Uso Equitativo ou Igualitário significa que a TE deve ser útil, atraente e segura para pessoas com habilidades diversas, sem estigmatizar ou segregar qualquer usuário por qualquer razão ou característica. Todas as pessoas devem poder acessar a TE independente das habilidades físicas, sensoriais, cognitivas e linguísticas, de questões de identidade e de características socioeconômicas.

2. Flexível no Uso

que pode dobrar, curvar, alterar. Maleável, adaptável, configurável, personalizável

Esse princípio propõe que a TE deve apresentar uma vasta gama de possibilidades para se adequar às preferências e capacidades individuais das pessoas que a utilizarão. Uma TE flexível deve permitir que as pessoas escolham o método de utilização, e ajustem ou configurem a TE de acordo com suas preferências e necessidades individuais temporárias ou permanentes.

3. Uso Simples e Intuitivo

que se conhece facilmente, que faz sentido imediato, claro, evidente

Esse princípio determina que o uso da TE precisa ser de fácil entendimento independentemente da experiência de uso, do conhecimento prévio, das habilidades e do nível de concentração das pessoas. Para o uso simples e intuitivo, a complexidade de uso deve ser eliminada e as pessoas devem ser capazes de entender as informações e o modo como podem operar a TE para alcançar seus objetivos.

4. Informação Perceptível

que pode ser identificado, visto, combinação dos sentidos no reconhecimento de um objeto ou evento

Informação perceptível significa que a TE deve ser capaz de comunicar e informar, independente das habilidades das pessoas ou do contexto de uso. A TE precisa ser capaz de diferenciar e contrastar elementos e utilizar diferentes meios de apresentação (pictórico, verbal, tátil) para que as pessoas possam perceber as informações apresentadas.

5. Tolerância ao Erro

que ajuda a evitar o erro, que é resistente ao erro

Esse princípio determina que a TE deve ser projetada para minimizar o risco e as consequências adversas de ações, acidentais ou não, em sua disponibilização e uso. Tolerância ao erro também significa que a TE deve ser resistente ao uso em formas, contextos e configurações diferentes daqueles para os quais ela foi pensada.

6. Baixo Esforço Físico

de fácil manipulação, com o menor esforço físico possível, que economiza energia

Esse princípio significa que a TE precisa ser pensada para ser entendida e utilizada com o menor esforço físico possível, de modo confortável e coerente, reduzindo as possibilidades de cansaço motor, perceptual, de postura. A TE não deve exigir uma interação que a pessoa não possa executar devido a qualquer limitação física.

7. Dimensões e Espaços para Aproximação e Uso  

adequado para variedades de formas, tamanhos e condições  

Esse princípio determina que o espaço e as condições para aproximação, alcance, manipulação e uso da TE devem ser adequados para todas as pessoas, independentemente do tamanho do corpo, da postura, ou da mobilidade. A TE deve ser projetada para poder ser utilizada com ferramentas ou dispositivos de auxílio pessoal.

Glossário

Acessibilidade/acessível. Possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privado de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural.

Acessibilidade com suporte. Uso acessível de uma Tecnologia Educacional de uma forma que a acessibilidade é alcançada por meio de alguma Tecnologias Assistiva, como os recursos de acessibilidade de sistemas operacionais, navegadores e outros agentes de usuário.

Adaptações. Modificações e adaptações necessárias e adequadas que não imponham uma carga desproporcional ou indevida, sempre que necessário num determinado caso, para assegurar às pessoas com deficiência o gozo ou o exercício de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais numa base equitativa com outros.

Audiodescrição. Narrativa auditiva adicional, intercalada com diálogos, que descreve aspectos significativos do conteúdo visual da mídia e que não pode ser compreendido somente pelo áudio principal.

Barreiras. Adota-se aqui o conceito de barreiras definido na Lei 13146 (Lei da Inclusão), em seu Art. 3º, parágrafo IV. Em especial para as barreiras nas comunicações e na informação, para as barreiras atitudinais e as barreiras tecnológicas.

Braille. Código de leitura tátil e de escrita, usado por pessoas cegas. Usa conjuntos de seis pontos em relevo dispostos em duas colunas, possibilita a formação símbolos usados em literatura nos diversos idiomas, na simbologia matemática e científica, na música e na informática.

Conformidade. Satisfazer todos os requerimentos de um dado padrão, diretiva ou especificação.

Conteúdo. Informação e codificação que define uma estrutura, apresentação e interações relevantes para os objetivos informativos e/ou pedagógicos de uma tecnologia educacional.

Desenho Universal. Ver Design Universal.

Design Universal (DU). Design de produtos e ambientes que sejam usáveis por todas as pessoas, na maior extensão possível, sem a necessidade de adaptação ou design especializado.

Design Universal para Aprendizagem (DUA). Definido como sendo um conjunto de princípios e estratégias com o intuito de nortear e potencializar os ambientes de aprendizagem tornando-os acessíveis para todos os alunos, com ou sem deficiência, oferecendo-lhes igualdade de oportunidades para aprendizagem, com abordagens flexíveis para atender as necessidades individuais, mas com foco no aperfeiçoamento do ensino para aprendizagem de todos os alunos. Esses princípios e estratégias auxiliam os professores na escolha dos objetivos adequados para a aprendizagem, na seleção ou elaboração de materiais e métodos eficientes e formas de avaliação apropriadas a todos os alunos.

Display braille. Dispositivo de saída tátil, dinâmica, para leitura das informações contidas na interface através do braille (sistema de leitura e escrita para pessoas cegas). O display braille depende do leitor de tela para capturar as informações dispostas na interface, transformando-as em pontos que formam uma linha de texto em braille.

Diversidade funcional. O reconhecimento de que há diferentes modalidades prioritárias ou exclusivas de acesso aos elementos de navegação e ao conteúdo de tecnologias educacionais. O não reconhecimento da diversidade funcional no uso de uma tecnologia educacional pode gerar dificuldades no desempenho da sua atividades, com diferentes graus de limitação (barreiras) na percepção, operação e compreensão das funcionalidades da tecnologia educacional.

Elementos de navegação. Todos os componentes de um sistema interativo (software ou hardware) que fornecem informações e/ou controles para o usuário realizar tarefas específicas de acesso, criação, edição ou manipulação de parte ou totalidade do conteúdo da tecnologia educacional (a partir de ISO 9241-110).

Formato alternativo. Forma de apresentação de informação, dados e signos que não o originalmente disponível no conteúdo ou nos elementos de navegação de uma Tecnologia Educacional. Audiodescrição em vídeos, a narração previamente gravada e a impressão em braille de um texto são exemplos de formatos alternativos do conteúdo. O controle por voz de um software e a indicação táctil em um teclado numérico são exemplos de formato alternativo em sistemas de navegação de Tecnologia Educacionais.

Funcionalidade. Realização de um funcionamento por meio de mecanismo disponibilizado em um sistema ou aplicativo, que deve possibilitar alcançar objetivos previamente especificados. Quando o usuário usa Tecnologia Educacional, ele deve ter plenas condições de atuar sobre as funcionalidades.  

Funcionalidade autocontida. Funcionalidade que desobriga o usuário de anexar, instalar ou usar uma tecnologia assistiva para a realização ou funcionamento da mesma.

Libras. Língua brasileira de sinais. É uma língua natural de modalidade visual-espacial, reconhecida como meio legal de comunicação das comunidades surdas brasileiras.

Língua de acesso à informação. Língua preferencial para a instrução e recepção de informação. Geralmente é a primeira língua adquirida pelo indivíduo.

Produto de Tecnologia Assistiva (TA). Produtos, equipamentos, recursos, dispositivos, estratégias, metodologias com o objetivo de proporcionar funcionalidade e participação de pessoas com diversidade funcional quanto a  mobilidade (ex. mobilidade reduzida) frente à realização de alguma atividade com o intuito de favorecer a autonomia, qualidade de vida e inclusão social (Comitê de Ajudas Técnicas – CAT - BRASIL, 2007[c]; Lei Brasileira de Inclusão da pessoa com deficiência – BRASIL, 2015). Exemplos de produtos de Tecnologia Assistiva relevantes ao contexto deste documento incluem os seguintes:

Tecnologia Educacional (TE).[d] Segundo o Ministério da Educação (2018) Tecnologia Educacional é todo sistema de apoio ao processo de ensino e aprendizagem composto de produto inovador (e.g. software ou hardware) finalizado, com todos os seus componentes, autocontido e replicável, que integre, no que se aplica, uma proposta pedagógica baseada em sólida fundamentação teórica e coerência teórico-metodológica, utilizado para trabalhar conteúdos educacionais específicos, e que facilite as atividades dos atores educacionais, como alunos, professores e gestores, oferecendo conteúdos digitais, ferramentas ou aparatos.

Tecnologia Educacional Universal (TEU). Uma tecnologia educativa é acessível e universal quando as pessoas são capazes de operar e acessar as informações em sua totalidade, com autonomia, sem comprometer a qualidade de vida, sem comprometer a inclusão social, independentemente de diversidades funcionais, sem a necessidade de adaptações adicionais da TE ou com o uso complementar de alguma tecnologia assistiva (ou ajuda técnica) de amplo uso e de fácil acesso e utilização.

Tradutor Intérprete de Língua de Sinais (TILS). E o profissional fluente em língua de sinais e na língua oral ou de sinais que fará a composição do par linguístico a ser trabalhado. No caso dos TILS brasileiros, é o profissional fluente em Libras e em Português e capaz de realizar processo tradutório ou de interpretação simultânea entre essas duas línguas.


Critérios/Checklist[e]

Fundamentado nos critérios do DU, este capítulo apresenta critérios para o design e avaliação de TE inclusivas.

Princípio 1: Uso equitativo

1a. Fornecer os mesmos meios para todos os usuários: idêntico quando possível, equivalente quando não for

  1. Apresentar Informações gráficas em formato alternativo de texto.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno com baixa visão em um laboratório de informática acessando um infográfico que apresenta diferentes causas relacionadas à poluição dos rios. Um exemplo de barreira enfrentada é a falta de informação textual alternativa que apresente em sequência lógica o conteúdo representado visualmente.
  1. Como? Utilizando um leitor de telas (e.g., NVDA, VoiceOver) ou funcionalidade da própria tecnologia educacional, verificar se é possível acessar via áudio o conteúdo equivalente ao visual, em ordem lógica.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve oferecer alternativa de acesso aos gráficos contidos na interface, por meio de um conteúdo textual, o qual deve estar acessível aos leitores de tela e funcionalmente equivalente aos gráficos. No caso de materiais físicos, deve haver recursos que possibilitem a obtenção da informação por meio alternativo (e.g., audiobook de um livro físico).
  1. Apresentar audiodescrição e/ou descrição textual para vídeos, animações e outros recursos multimídias.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno cego na Educação Infantil em uma roda de conversa com seu pares em sala de aula usando aplicativo no Tablet Educacional para o desenvolvimento de habilidade linguística. Um exemplo de barreira enfrentada é o acesso às informações visuais veiculadas nos vídeos exibidos pelo aplicativo serem baseados, em sua maior parte, em recursos de animação, sem fala.
  1. Como? Verificar se os vídeos com as animações apresentam recurso de audiodescrição adequado para o tipo de estímulo.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar audiodescrição ou descrição textual prévia para recursos multimídias em que o conteúdo visual seja relevante ou que não possuam falas. Para vídeos ou animações que contenham falas ou narrativas, a audiodescrição ou descrição textual prévia são exigidas quando existem informações visuais essenciais à percepção e compreensão do conteúdo. A audiodescrição ou descrição textual devem ser equivalentes ao conteúdo visual do recurso multimídia.
  1. Apresentar conversão automática para formato de áudio do que está sendo acionado, pelo usuário, por teclas e/ou botões periféricos.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um estudante cego usando um computador com leitor de telas  para pesquisar sobre o Queimadas na Amazônia, localizado em um Laboratório de Informática. Um exemplo de barreira enfrentada é quando ele acaba de ler o conteúdo da página, pressiona a tecla tab e encontra um botão, que não possui descrição.
  1. Como? Usando um Leitor de Telas, verificar se os elementos da página acionados pelo usuário são sintetizados pelo Leitor de Telas.
  2. Resultados esperados: A TE deve apresentar conversão automática para o formato de áudio de todo conteúdo acionado pelo usuário.
  1. Garantir a linearidade no fluxo da informação na alternativa sonora ou tátil, mantendo a mesma estrutura e conteúdo do que é percebido visualmente na interface.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I:  Considere um aluno surdo cego usando computador, localizado em um laboratório de informática, para ter acesso ao material virtual da aula sobre figuras de linguagem. Um exemplo de barreira enfrentada é quando o aluno, que utiliza leitor de telas e teclado para navegação no material, pressiona a tecla tab e é direcionado para o rodapé da página, e quando pressiona novamente é direcionado para o cabeçalho, não conseguindo ter acesso ao conteúdo principal.
  1. Como? Utilizando um leitor de telas, ou somente um teclado, navegar na página verificando se a navegação segue a ordem de apresentação dos conteúdos na interface e se todos os conteúdos são alcançados na navegação.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar, via alternativas sonora ou display tátil, as informações na mesma estrutura e conteúdo do que é percebido visualmente, percorrendo toda a interface em uma ordem lógica, como: cabeçalho, menu esquerdo, conteúdo principal. A apresentação alternativa deve seguir a ordem de apresentação dos conteúdos na interface do superior ao inferior, da esquerda para direita.
  1. Tornar o acesso ao conteúdo e à funcionalidade[f] operável via dispositivo de entrada. [g]

  1. Por que?        
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno do ensino médio com baixa visão usando um computador do laboratório de informática para realizar uma pesquisa sobre o Ciclo da Borracha. Um exemplo de barreira enfrentada é o aluno precisar modificar o contraste da página e não haver atalho para isto.
  1. Como? Verificar se a Tecnologia Educacional possui os atalhos de acessibilidade (Alto contraste, Página de acessibilidade, Mapa do site, ir ao conteúdo, ir ao menu principal, ir à caixa de pesquisa) e, se quando a combinação das teclas é utilizada, realmente executa a função esperada.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve proporcionar navegação por teclado físico que seja funcional e equivalente ao que é exposto visualmente na tela e passível de ser acessada por mouse. As teclas ou combinações destas devem executar as mesmas funções que o mouse físico, garantindo a usabilidade.
  1. Ao apresentar links/redirecionamentos inserir descrição do conteúdo a ser direcionado.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno com baixa visão usando um computador com leitor de telas para ler um arquivo sobre as Revoltas do Período Colonial Brasileiro. Um exemplo de barreira enfrentada é ao encontrar um link para ler mais sobre uma revolta ele não apresentar descrição e o aluno não saber sobre qual revolta ele está realmente acessando.
  1. Como?  Verificar se os links apresentados na TE possuem descrição de para onde o usuário será direcionado.
  2. Resultados esperados: A TE deve apresentar links com títulos referentes aos conteúdos ao qual o usuário será direcionado ou breve descrição do mesmo. Um exemplo: em um link que levará a um conteúdo sobre a Independência da Bahia, ao invés de “Leia Mais..”, deve-se colocar  a informação contextualizada: “Leia mais sobre a Independência da Bahia”.
  1. Apresentar formato alternativo de áudio ou tátil para feedback visual das operações do usuário na interface. [h][i]

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno cego usando um computador do laboratório de informática para preencher o formulário de inscrição do time de futebol da escola. Um exemplo de barreira enfrentada é ao enviar o formulário ele não salvar por ter um erro de preenchimento e a TE não informar em qual campo do formulário ocorreu o erro, apenas marcar os campos em vermelho.
  1. Como? Verificar se a Tecnologia Educacional oferece feedback em formato alternativo sonoro ou tátil perceptível ao usuário.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional, quando contém feedback visual resultante de operações realizadas na interface, apresenta essa função em formato alternativo sonoro ou tátil perceptível ao usuário. O feedback deve conter uma descrição textual do seu conteúdo ou sinais sonoros/táteis diferentes para cada tipo de retorno da operação do usuário. Exemplo: um sinal sonoro para acerto e dois seguidos para erro.
  1. Apresentar informações gerais da Tecnologia Educacional por vídeo em Libras.  [j][k][l]

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I:[m] Considere uma turma da educação infantil usando uma televisão para assistir a um filme sobre o tráfico de animais silvestres, localizado em uma videoteca. Um exemplo de barreira enfrentada é quando o filme possui legenda em português e um aluno surdo da turma possuir dificuldade na leitura do português.
  1. Como? Verificar se a Tecnologia Educacional possui janela de Libras com tradução-interpretação humana gravada como alternativa aos textos escritos.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar uma janela de Libras com tradução-interpretação humana gravada como alternativa aos textos escritos.
  1. Exibir indicação clara sobre a disponibilidade de informações por vídeo em Libras como alternativa ao português oral ou[n] escrito.  

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um professor da educação infantil usando um computador do laboratório de informática para pesquisar vídeos sobre hábitos alimentares saudáveis. Um exemplo de barreira enfrentada é ao olhar as capas e/ou descrições dos vídeos ele não encontrar um ícone que indique facilmente a disponibilidade do recurso em Libras.
  1. Como?  Verificar se a Tecnologia Educacional apresenta um ícone que indique a disponibilidade do recurso de Libras.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar um ícone que indique a disponibilidade do recurso em Libras em todos os lugares onde ocorre.
  1. Substituir o uso de sinais visuais por sinais sonoros claros.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um estudante cego usando um Tablet Educacional para resolver uma atividade sobre Conjuntos Matemáticos, localizado em uma aula de Matemática. Um exemplo de barreira enfrentada ocorre ao submeter o formulário com a atividade e o aplicativo somente apresenta um sombreamento verde nas questões corretas e vermelho nas questões incorretas, impossibilitando que o aluno saiba se e onde ocorreu um erro ou acerto.
  1. Como? Verificar se a Tecnologia Educacional emite sinais sonoros que possibilitam que o estudante saiba se suas respostas estão corretas ou incorretas.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar sinais sonoros como alternativa ao uso de sinais visuais e as instruções relativas aos sinais sonoros apresentados (e substituídos por alternativas visuais) devem ser explicadas com o uso de Libras.
  1. Disponibilizar as informações veiculadas em Libras, com exposição em vídeo observando as normas NBR 15290 e NBR 15599 da ABNT (2005, 2008).  

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno surdo usando um vídeo para se informar sobre a proliferação do mosquito da dengue, localizado em uma sala de multimídia. Um exemplo de barreira enfrentada é o vídeo não possuir exibição alternativa em Libras.
  1. Como? Verificar se a Tecnologia Educacional fornece exibição alternativa em vídeo na Língua Brasileira de Sinais.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve fornecer exibição alternativa em vídeo na Língua Brasileira de Sinais e as informações apresentadas nesses vídeos devem possuir conteúdo idêntico ao original.
  1.  Disponibilizar alternativas à operação por voz, de forma que não exista dependência da produção oral no padrão dos indivíduos ouvintes sem queixas de linguagem.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno surdo da educação infantil, pouco alfabetizado, usando um tablet educacional para responder um questionário sobre sua árvore genealógica, localizado em uma aula de ciências. Um exemplo de barreira enfrentada é o questionário ser apresentado somente em português escrito, não haver a opção de tradução do conteúdo ou resposta em Libras.
  1. Como? Verificar se a TE fornece formas de operação alternativas, baseadas na Libras.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve oferecer alternativas de estimulação baseadas na Libras, com a possibilidade de observar os estímulos em vídeo com tradução-interpretação humana gravada e de responder um questionário de múltipla escolha baseada também na Libras.
  1. Oferecer versão de acesso via tela touch como forma alternativa de acesso.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno do ensino médio usando um site educacional para resolver um exercício online durante uma aula de Língua Portuguesa. Um exemplo de barreira enfrentada é que, quando acessado no tablet, os ítens do exercício ficam muito pequenos, exigindo redimensionamento da página a cada interação, tornando a navegação extremamente cansativa.
  1. Como? Verificar se a Tecnologia Educacional apresenta as informações de forma sucinta e exige pouco esforço de interação.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar as informações de forma sucinta e exigir pouco esforço de interação.
  1. Sugerir materiais e métodos alternativos para apoiar a consolidação da aprendizagem através de meios mais concretos.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um professor de ciências usando o livro didático para uma aula sobre o Sistema Solar, localizado em uma sala de aula. Um exemplo de barreira enfrentada é os alunos cegos da turma não conseguirem ter noção do tamanho proporcional e distância entre os planetas e astros.
  1. Como? Verificar se a TE oferece exemplos concretos (ex: pesos, formas, maquetes) nos quais o aluno possa perceber tamanhos, formas, texturas e pesos.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar exemplos em forma de experiências práticas a serem realizadas com objetos concretos, além de vídeos e sugestões de materiais diversos nos quais o aluno possa perceber diferentes tamanhos, formas, texturas e pesos.
  1. Oferecer exercícios em formatos variados para a consolidação de conteúdos a curto e longo prazo.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um professor usando um livro didático para ensinar as Leis de Mendel, localizado em uma aula de Biologia. Um exemplo de barreira enfrentada é a única atividade de consolidação do conteúdo ser um exercício objetivo, de múltipla escolha, no qual os alunos somente precisam marcar a alternativa correta.
  1. Como? Verificar se a TE oferece formas variadas para consolidação dos conteúdos ministrados, a curto e longo prazo, sejam elas jogos de tabuleiro, jogos eletrônicos,, experiências ou aulas passeio.
  2. Resultados esperados:  Tecnologia Educacional deve oferecer formas variadas para consolidação dos conteúdos ministrados, a curto e longo prazo, sejam elas jogos de tabuleiro, jogos eletrônicos, experiências ou aulas passeio.

1b. Evitar segregar ou estigmatizar qualquer usuário.[o]

  1. Fornecer as informações em Língua Brasileira de Sinais

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno com surdez profunda bilateral,  que tem a Libras como língua de acesso à informação,  usando um software para ensino de história,  localizado em um computador na sala de informática. Um exemplo de barreira enfrentada é o acesso aos conteúdos escritos em Língua Portuguesa e falados pelos professores nos vídeo que compõem a TE.
  1. Como? Verificar se há janela de interpretação ou se há indicação de link de acesso para vídeo de interpretação dos conteúdos.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve oferecer acesso pleno aos conteúdos veiculados na primeira  língua (língua de sinais).

1c. Privacidade, segurança, inocuidade devem ser igualmente disponíveis para todos os usuários

  1. Permitir exibir/ocultar informações confidenciais.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno com baixa visão usando uma plataforma EAD com leitor de telas, para ter acesso ao conteúdo da disciplina, localizado em um Laboratório de Informática. Um exemplo de barreira enfrentada é ao digitar a senha, no campo de senha do login para entrar na plataforma, o leitor de telas ler os caracteres digitados.
  1. Como? Utilizando o leitor de telas, verificar se as informações confidenciais são lidas sem aviso prévio.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve informar previamente a pessoa quando uma informação confidencial será exibida, para que ele possa optar se a informação será lida ou ocultada.
  1. Fornecer informações que possibilitem que pessoa saiba quais dados estão sendo armazenados, editados ou disponibilizados para uso por outras  partes.

a. Por que?

i. Contexto de uso I: Considere um aluno usando uma plataforma EAD com leitor de telas, para pesquisar sobre o trabalho escravo,, localizado em um Laboratório de Informática. Um exemplo de barreira enfrentada é a plataforma não informar ao aluno que seu histórico de pesquisa está sendo armazenado.

b. Como? Verificar se a TE informa a pessoa quais dados são armazenados, editados ou disponibilizados.

c. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve informar previamente a pessoa quais informações são armazenadas, editadas ou disponibilizadas. Por exemplo, uma plataforma de ensino aprendizagem deve informar ao aluno que guarda um histórico dos conteúdos mais procurados por ele para oferecer conteúdos semelhantes no próximo uso.

  1. Fornecer Termos de Uso claros e diretos[p]

  2. Por que?

i. Contexto de uso I: Considere um aluno com baixa visão, usando um jogo educacional online para consolidar o conteúdo da aula de matemática financeira, localizado em um Laboratório de Informática. Um exemplo de barreira enfrentada é a TE  não apresentar uma versão resumida dos termos de uso, que informa, de forma breve, quais informações são armazenadas e sim  um documento muito grande, com muitos termos técnicos e fonte pequena, tornando a leitura difícil e cansativa.

b.  Como? Verificar se a TE informa os termos de uso de forma clara e objetiva.

c.  Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve disponibilizar os documentos de Termo de Uso de forma clara e objetiva, apresentando apenas as informações necessárias e, se possível, apresentar uma opção alternativa de visualização  resumida na qual existe um link para a pessoa ler a versão completa do documento.

1d. Tornar o design atraente para todos os usuários[q]

  1. Apresentar design atraente para todos.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um grupo de alunos usando um jogo de tabuleiro para uma atividade de interação, localizado em uma sala de aula. Um exemplo de barreira enfrentada é as cartas possuírem as informações em braile mas não apresentarem diferenciação, utilizando cores e formas e os alunos que enxergam terem dificuldades em diferenciá-las.
  1. Como? Verificar se a TE se apresenta de forma que todos possam perceber as informações com facilidade.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar as informações em formato alternativo (braile ou libras), mas também deve utilizar cores, formas e relevos para que possa ser melhor percebida por todos.

Princípio 2: Uso flexível[r]

2a. Fornecer diferentes escolhas no método de uso.

  1. Fornecer acesso e operação por meio de comando de voz ou por  direto ou redução da fonte do texto apresentado na interface.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um professor cego, usando um Tablet Educacional para pesquisar poemas barrocos, localizado em uma sala de leitura. Um exemplo de barreira enfrentada é o Tablet não permitir a operação por voz e o professor não conseguir realizar a pesquisa utilizando o teclado virtual do dispositivo.
  1. Como? Verificar se a TE possibilita que a fonte do texto seja aumentada ou reduzida e/ou o acesso por comando de voz.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve permitir o aumento ou redução da fonte do texto apresentado na interface, para tamanhos diversos, oferecendo possibilidade de adequar a informação visual à necessidade visual do usuário.
  1. Permitir ampliação total ou parcial do que está sendo exposto na interface.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno com baixa visão  utilizando um aplicativo para realizar uma leitura sobre o impressionismo no Brasil, localizado em uma aula de Literatura. Um exemplo de barreira enfrentada é o aplicativo não permitir a ampliação do texto, tornando a leitura impossível para o estudante.
  1. Como? Verificar se a TE permite a ampliação total ou parcial do conteúdo exibido na interface.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve permitir ampliação total ou parcial do que está sendo exibido na interface, em porcentagens diversas, mantendo a qualidade da informação visual, oferecendo a possibilidade de adequar o conteúdo à necessidade do usuário.  
  1. Permitir o aumento do espaçamento entre as linhas do texto apresentado na interface.

  1.  Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um professor usando uma apostila digital para mostrar um trecho do poema Soneto da Fidelidade (Vinícius de Moraes) localizado em uma aula de Literatura. Um exemplo de barreira enfrentada é no momento em que o professor usa a opção de aumentar a fonte do texto para dar ênfase a uma estrofe o espaçamento entre a as linhas também é aumentado, tornando a leitura dificultosa.
  1. Como? Usando uma ferramenta de zoom ou de ou aumento na fonte, verificar se o espaçamento entre as linhas se mantém no padrão de 1,0 cm (espaçamento simples).
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional não deve permitir a ampliação do espaçamento entre as linhas do texto, apresentando um espaçamento simples.
  1. Permitir alteração no contraste, entre claro e escuro, do que está exposto na interface.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um estudante idoso, com baixa visão, usando um site para realizar uma pesquisa sobre os benefícios da prática de Atividades Físicas,  localizado em uma aula de educação física. Um exemplo de barreira enfrentada é o site não permitir alteração no contraste da tela, tornando a leitura cansativa e dificultosa para  o aluno.
  1. Como? Verificar se, usando atalhos ou botões, o site permite que o contraste da página seja alterado entre o claro e o escuro.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar níveis de contraste adequados às recomendações e permitir variações no nível do contraste, entre claro e escuro, chegando ao alto contraste do que é exposto na interface.
  1. Correlacionar a saída alternativa de áudio ao que está exposto visualmente na interface.

  1.  Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um professor com baixa visão usando um computador com leitor de telas para ler uma pesquisa, realizada pelos alunos, sobre os benefícios da prática de atividades físicas, localizado no Laboratório de Informática Um exemplo de barreira enfrentada é a ferramenta não marcar em qual parte do texto está sendo feita a leitura e o professor precisar fazer uma pausa para anotações e ao retornar não saber onde a leitura parou.
  1. Como? Utilizando um Leitor de Telas, verificar se a TE exibe alguma marcação que permite o acompanhamento visual do que está sendo lido.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar correlação visual entre a saída alternativa de áudio e o que está sendo interpretado pelo leitor de tela. Por exemplo, quando o leitor está lendo uma palavra, esta deve apresentar algum tipo de destaque ou realce. Essa correlação é funcional para pessoas com visão limitada, que também utilizam recursos de usuários sem visão. A pessoa deve poder ver e ouvir o texto simultaneamente.
  1. Apresentar as informações gerais da Tecnologia Educacional em formatos alternativos ao português escrito.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I:  Considere um grupo de alunos usando um jogo de tabuleiro sobre DNA, durante a aula de biologia. Um exemplo de barreira enfrentada é as instruções do jogo serem somente em português escrito, impossibilitando que alunos cegos tenham autonomia para jogar.
  1. Como? Verificar se a Tecnologia Educacional oferece formatos alternativos ao português escrito e se estas alternativas funcionam.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve oferecer formatos alternativos ao português escrito (ex: braile, gravação de vídeo, audiodescrição).
  1. Apresentar indicação clara sobre a disponibilidade do português escrito como alternativa ao português oral.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um um professor de Química usando um Tablet Educacional para pesquisar vídeos sobre o Aquecimento Global, localizado em uma aula de Química. Um exemplo de barreira enfrentada é ele precisar abrir cada vídeo encontrado para saber se existe legenda em língua portuguesa neles.
  1. Como? Verificar se a TE apresenta um ícone que indique, de forma clara, a disponibilidade do português escrito como alternativa ao português oral.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar um ícone que indique, de forma cara, disponibilidade do recurso em português escrito com alternativa ao português oral. Essa disponibilidade deve ser  indicada em todos os lugares onde ocorre.
  1. Apresentar a substituição de sinais sonoros por sinais visuais claros. As instruções relativas aos sinais sonoros apresentados (e substituídas por alternativas visuais) devem ser explicadas com uso do português escrito.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno surdo usando um aplicativo para responder a um quiz sobre os elementos da tabela periódica, localizado em uma aula de química. Um exemplo de barreira enfrentada é ao aluno submeter a resposta o aplicativo apenas emitir sinais sonoros, que representam erro ou acerto, e o aluno não ter como saber se errou ou acertou a questão.
  1. Como? Verificar se a TE apresenta texto português escrito ou figura que indica a realização correta  do exercício como alternativas ou uso de sinais sonoros.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar texto em português escrito ou figura como alternativa ao sinal sonoro no momento em que ele é disparado.
  1. Apresentar legendas com conteúdos fidedignos às informações veiculadas na modalidade oral, quando for o caso.  No caso de explicações veiculadas em áudio ou em vídeo com áudio, o material deverá vir com legendas, de acordo com as  normas NBR 15290 da ABNT (2005).

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno surdo usando uma televisão para assistir um vídeo sobre fontes de energia renováveis, localizado em uma sala de vídeo. Um exemplo de barreira enfrentada é a incompatibilidade da legenda com o que está sendo exibido no vídeo, nele estão aparecendo informações sobre Energia Hídrica e a legenda é sobre Energia Eólica.
  1. Como? Verificar se o apresentado no vídeo e/ou áudio é o mesmo exibido simultaneamente nas legendas.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar legendas com conteúdo idêntico as  informações veiculadas nos vídeos.
  1. Permitir ajuste no brilho e/ou iluminação do que está exposto na interface.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno do ensino médio usando um tablet educacional para fazer uma pesquisa de campo sobre os hábitos alimentares da comunidade escolar, localizado em uma sala de aula. Um exemplo de barreira enfrentada é ao sair da sala, para realizar a pesquisa com os membros da comunidade escolar haver um maior índice de luminosidade no ambiente e o aluno não conseguir aumentar o brilho da tela do tablet e ver as anotações contidas nele, não sendo possível realizar a coleta de dados.

b. Como? Mudando a luminosidade do ambiente, verificar se a Tecnologia Educacional permite ajustes no nível de brilho e/ou luminosidade.

c. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve permitir variações, em gradações diversas, nos níveis de brilho e/ou iluminação do que está sendo exposto na interface.

  1.  Apresentar alternativa para uso de cores como meio para transmitir informações, indicar uma ação, pedir uma resposta ao usuário ou distinguir um elemento visual.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um estudante daltônico da educação infantil usando lápis de cor para uma atividade de pintura, onde a figura que ele deve pintar apresenta marcações de onde devem ser usadas as cores, localizado em uma aula de artes. Um exemplo de barreira enfrentada é ele precisar usar as cores vermelho e verde em locais específicos e não conseguir distingui-las.
  1. Como? Verificar se a descrição textual está sendo usada como alternativa as cores.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve utilizar meios alternativos, como descrição textual, para transmitir informações, indicar ações, pedir resposta do usuário ou distinguir um elemento visual. Se na interface há um botão verde que indique prosseguimento de uma atividade e outro vermelho para interrupção da mesma, estes códigos deverão vir acompanhados de uma descrição textual ou substituídos por meio alternativo que indique a mesma função.
  1. Garantir a mesma configuração e estrutura do que é exposto na interface quando ocorre a ampliação dos conteúdos.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um estudante usando um site educacional para acessar um infográfico sobre tipos sanguíneos, localizado em uma aula de biologia. Um exemplo de barreira enfrentada é o aluno precisar dar um zoom no conteúdo e ele ser cortado e não se ajustar à tela do dispositivo.
  1. Como? Verificar se quando ocorre ampliação a Tecnologia Educacional mantém a mesma estrutura,  sem apresentar barra de rolagem vertical ou corte do conteúdo.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve manter a mesma estrutura de layout e conteúdo quando ocorre ampliação do que é exposto na interface. Quando há ampliação o conteúdo deve se ajustar, mantendo a mesma estrutura, não podendo surgir barras de rolagens na horizontal.
  1. Disponibilizar alternativas à operação por voz, de forma que não exista dependência da produção oral no padrão dos indivíduos ouvintes sem queixas de linguagem.  

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno surdo usando um jogo de perguntas e respostas para assimilação do conteúdo da aula de geografia, localizado em uma brinquedoteca. Um exemplo de barreira enfrentada é o jogo só possuir a opção de resposta por voz.
  1. Como? Verificar se a Tecnologia Educacional oferece formas alternativas de uso, como cartões para escrita das respostas ou possibilidade de selecionar a resposta em uma tela touch.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve possibilitar a adequação necessária ao estímulo dado (que deverá ser substituído por um estímulo escrito), além de aceitar a interação do usuário com toque ou com português escrito.
  1. Possibilitar substituir o uso do mouse por vias alternativas como teclado, sopros, pequenos ruídos ou movimentos voluntários mínimos.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno tetraplégico usando um computador para realizar uma pesquisa sobre a vegetação de cada região brasileira, localizado em um Laboratório de Informática. Um exemplo de barreira enfrentada é o computador não possuir a opção de configuração para  utilização de mouse por sopro para navegação.
  1. Como? Verificar se a TE possibilita substituir o uso do mouse por vias alternativas como teclado, sopros, pequenos ru´dos ou movimentos voluntários mínimos.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve oferecer a opção de configuração para que o teclado numérico permita a movimentação do cursor na tela em substituição ao  mouse.
  1. Possibilitar o uso de Simuladores de Teclado.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno usando um computador sem teclado para responder um exercício sobre a Ditadura Militar no Brasil, localizado em um Laboratório de Informática. Um exemplo de barreira enfrentada é o computador não permitir a emulação de teclado virtual e não ser possível o aluno responder ao exercício.
  1. Como? Verificar se a Tecnologia Educacional permite a emulação de teclado virtual sem perda de funcionalidade.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve permitir a configuração para que apareça na tela uma emulação do teclado que funcione com um acionador que controla a varredura das opções disponíveis.
  1. Possibilitar configuração para operação apenas com uma das mãos.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno com um braço quebrado usando um jogo matemático, para realizar um trabalho da disciplina de Matemática, localizado em um laboratório de informática. Um exemplo de barreira enfrentada é o aluno precisar pressionar simultaneamente as teclas de espaço e seta esquerda para movimentar as peças do jogo.
  1. Como? Verificar se a Tecnologia Educacional pode ser configurada para operação apenas com uma das mãos, sem que haja necessidade de pressionar mais de uma tecla simultaneamente.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve possibilitar configuração para operação apenas com uma das mãos, sem que haja necessidade de pressionar mais de uma tecla simultaneamente.

2b. Acomodar acesso e uso por destros e canhotos.

  1. Possibilitar uso por pessoas destras e canhotas (permanentes ou temporárias).

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno canhoto usando um software para selecionar figuras geométricas e emparelhar a utensílios que possuam forma correspondente, localizado em uma sala de recursos multifuncionais. Um exemplo de barreira enfrentada é quando o software não é compatível a alteração da configuração do mouse para uso por pessoa destra ou canhota.
  1. Como? Utilizando um mouse convencional ou acionador especial, verificar se o software permite configurar seu uso por pessoa destra ou canhota.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve ser compatível ao uso direto ou com recurso de Tecnologia Assistiva por pessoas destras ou canhotas.

2c. Favorecer acurácia e precisão do usuário.

  1. Possibilitar que a  repetição da ação de teclar seja acionada por pressão contínua e essa funcionalidade deve ser ajustável até pelo menos 0,5 segundos.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno com deficiência motora usando computador para digitar um trabalho sobre o Mito da Caverna,  localizado em um Laboratório de Informática. Um exemplo de barreira enfrentada é ele pressionar uma tecla e não conseguir movimentar os dedos com agilidade,  pressionando-a repetidas vezes para conseguir digitar e o sistema não permitir ajustar a latência entre o pressionamento de teclas iguais consecutivas.
  1. Como? Verificar se a TE permite configuração para que o pressionamento de teclas iguais consecutivas, pelo menos até 0,5 segundos, não seja considerada.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve permitir ajustar a latência entre o pressionamento de teclas iguais consecutivas para delimitar a repetição da ação da tecla ou botão em no mínimo 0,5 segundos e deve ser possível configurar o sistema para desligar.

2d. Fornecer adaptabilidade à velocidade do usuário.

  1. Possibilitar o controle da velocidade do que é apresentado em formato sonoro, por leitor de tela ou recurso multimídia, com possibilidade de acionar diversas funções como retroceder, avançar, pausar e retomar o conteúdo.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno cego usando site com audiodescrição para fazer uma pesquisa sobre o Barroco, localizado em um Laboratório de Informática. Um exemplo de barreira enfrentada é ele não conseguir acelerar o aúdio e sua reprodução se tornar lenta e cansativa.
  1. Como?  Verificar se a Tecnologia Educacional possibilita que os recursos sonoros tenham a velocidade de reprodução controlada pelo usuário.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve permitir que a pessoa controle a velocidade do que é apresentado em formato alternativo de áudio ou em recurso multimídia, além de poder acionar diversas funções como pausar, retroceder, avançar, retomar o conteúdo que está sendo exposto na interface e silenciar o áudio. A pessoa deve ter controle dos recursos sonoros, sendo executados somente quando ela permitir.
  1. Possibilitar opções de ajuste de temporização no caso de exigência de tempo na operação do conteúdo, funcionalidades ou navegação relevantes aos objetivos pedagógicos ou de gestão.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno com dislexia usando um Tablet Educacional para responder um quiz sobre Direitos Humanos, localizado em uma aula de Sociologia. Um exemplo de barreira enfrentada é o quiz ser configurado para exibir cada pergunta por um tempo máximo de 15 segundos e o aluno não conseguir ler a tempo.
  1. Como? Verificar se a Tecnologia Educacional permite que a exigência de tempo para ação seja ajustada ou removida.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve permitir que a exigência de tempo para ação seja ajustada ou removida.
  1. Possibilitar o livre retorno a conteúdos anteriores para revisão e conferência.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um professor usando um aplicativo de vídeo para a exibição de um vídeo sobre o Sistema Digestivo Humano, localizado em uma sala de aula. Um exemplo de barreira enfrentada é ao final da exibição um aluno fazer uma pergunta sobre o estômago, o professor não lembrar em qual momento exato ocorreu a exibição e ter como voltar parte por parte do vídeo para encontrar.
  2. Contexto de uso II: Considere um aluno usando um computador do laboratório de informática para preencher um formulário de inscrição no vestibular, onde existem três telas: duas para preenchimento de informações pessoais e outra com informações sobre o local de realização da prova. Um exemplo de barreira enfrentada é, ao preencher todo o formulário, a pessoa desejar voltar à primeira tela para confirmar informações e a TE não exibir links ou menus que possibilitem esta ação.
  1. Como? Verificar se a TE apresenta um pequeno menu em todas as telas que permite que a pessoa retorne à um determinado ponto do conteúdo ou vídeo.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar um pequeno menu em todas as telas que permite que a pessoa retorne, a qualquer momento, a um determinado ponto.
  1. Possibilitar a realização livre de pausas para intervalos durante o uso.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno usando um um aplicativo em um  Tablet Educacional para assistir uma aula ao vivo sobre as Leis de Newton, localizado em um sala de vídeo. Um exemplo de barreira enfrentada é o aluno precisar pausar o vídeo para fazer uma anotação e o aplicativo não exibir botão de pausa ou permitir que o vídeo seja pausado.
  1. Como? Verificar se a TE exibe de forma clara e constante o botão de pausa ou para configuração de pausas periódicas.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve exibir de forma clara e constante um botão para pausa ou para a configuração de pausas periódicas por parte do usuário.


Princípio 3: Uso simples e intuitivo

3a. Eliminar complexidade desnecessária.

  1. Usar português no material escrito para veicular as informações e o conteúdo da Tecnologia Educacional, observando a faixa etária alvo do produto. Os enunciados deverão ser organizados de modo a facilitar a compreensão, evitando-se períodos longos, sentenças em ordem inversa e palavras de baixa frequência, com o objetivo de facilitar a compreensão dos enunciados.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno das séries iniciais, utilizando um livro para uma atividade de leitura, localizado na biblioteca escolar. Um exemplo de barreira enfrentada é o livro possuir uma leitura difícil, com períodos longos e sentenças de ordem inversa e ele não conseguir compreender o que está lendo.
  1. Como? Verificar se a Tecnologia Educacional apresenta seu conteúdo em português, de fácil compreensão e leva em conta a faixa etária do seu público alvo.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar texto e legendas com uma estrutura clara e organizada, que leve em conta a faixa etária das pessoas que irão utilizá-la, evitando-se períodos longos, sentenças em ordem inversa e palavras de baixa frequência, de forma a facilitar a compreensão do leitor, independente da organização do texto fonte.
  1. Possuir organização das informações visuais, linguísticas ou não, clara e intuitiva, com uso de recursos icônicos visuais, preferencialmente aproximados da Libras.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno surdo usando um jogo de tabuleiro para uma atividade de interação com a turma, localizado em uma sala de jogos. Um exemplo de barreira enfrentada é o aluno precisar ler as instruções do jogo e elas possuírem muitos conectivos e frases longas.
  1. Como? Verificar se a TE apresenta uma linguagem simples e objetiva, de preferência em narrativa e primeira pessoa.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar  suas informações com uma linguagem simples e objetiva, com frases curtas e diretas, de preferência em narrativa e primeira pessoa.

3b. Ser consistente com expectativas e intuições do usuário.

  1. Alcançar os objetivos a que se propõe para cada nível de escolaridade e conhecimentos específicos esperados.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno usando uma aplicação para estudar um tópico, na sala de aula.  Um exemplo de barreira enfrentada é o não conseguir utilizar a aplicação por não lhe ser familiar nem sugestiva ao ponto de corresponder às suas intuições.
  1. Como? Verificar se os elementos da interface estão de acordo com o nível de escolaridade e conhecimentos dos alunos a que se destina a aplicação da Tecnologia Educacional.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar seus elementos de modo intuitivo ou complementar  por meio de um tutorial, de acordo com o nível de escolaridade e conhecimentos dos alunos a que se destina.

3c. Acomodar uma ampla gama de habilidades de letramento e linguagem.

  1. Promover sinalização em Libras nos vídeos de forma clara e condizente com a faixa etária alvo do produto.[s]

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno surdo da educação infantil usando um computador do Laboratório de Informática para assistir um vídeo sobre o reino animal. Um exemplo de barreira enfrentada é o vídeo possuir a janela do intérprete de Libras, mas os sinais usados por ele serem muito complexos e o aluno não conseguir compreender com clareza.
  1. Como? Envolver um especialista ou professor para verificar se a sinalização da em Libras provida nos vídeos está de acordo com a faixa etária do público alvo da TE.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar a sinalização em Libras nos vídeos de acordo com a faixa etária do seu público alvo.
  1. Apresentar explicações adicionais para sinais específicos da libras que forem usados, assim como os sinais dos dispositivos técnicos referentes ao produto.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno surdo usando uma televisão para assistir uma vídeo aula de Biologia localizado em uma sala de vídeo. Um exemplo de barreira enfrentada é o intérprete do vídeo usar o sinal de mitocôndria e, por se tratar de um sinal específico,o aluno não conhecer e não compreender do que trata.
  1. Como? Envolver um especialista ou professor para verificar se é oferecido um glossário com tradução-interpretação humana gravada em Libras para explicar sinais específicos, técnicos ou científicos.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar um glossário com tradução-interpretação humana gravada em Libras para explicar sinais específicos, técnicos ou científicos.

3d. Organizar informação de maneira consistente de acordo com sua importância.

  1. Possibilitar que o primeiro atalho da TE leve à página de informações sobre acessibilidade.[t]

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno cego usando um computador com leitor de telas para acessar uma página com informações sobre o fenômeno da pororoca, localizado em um laboratório de informática. Um exemplo de barreira enfrentada é ao entrar na página e apertar a tecla tab, o primeiro link encontrando não ser o de informações de acessibilidade e a pessoa não saber como navegar.
  1. Como? Utilizando a tecla tab ao entrar na página, verificar se o primeiro link acionado é o de informações sobre acessibilidade.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve possuir um primeiro link da que leve à página de informações sobre acessibilidade.

3e. Fornecer auxílio e retorno durante tarefa e após conclusão de tarefa.

  1. Oferecer constante feedback sobre o aprendizado.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno do ensino fundamental usando um computador para responder um quiz sobre fotossíntese, localizado em um Laboratório de Informática. Um exemplo de barreira enfrentada é o aluno ter dúvidas quanto a resposta, errar um ítem e o software não apresentar dicas ou permitir que a questão seja refeita.
  1. Como? Verificar se a TE fornece feedback a pessoa, como dicas e novas chances, caso haja erro, e mensagens de sucesso e estímulo a cada acerto.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve oferecer feedback a pessoa, como dicas e novas chances, caso haja erro, e mensagens de sucesso e estímulo a cada acerto. Cada acerto ou evolução recebe, como efeito, um reforço prazeroso. Novas chances são oferecidas com novas explicações em caso de erro sem sinalização direta ou específica do erro.
  1. Concretizar o conteúdo através de exemplos.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um professor usando um livro didático para uma aula sobre animais vertebrados, localizado em uma sala de aula. Um exemplo de barreira enfrentada é o livro não apresentar exemplos de experiências, passeios ou desafios, que possam ser realizados para concretizar o aprendizado do conteúdo visto em aula.
  1. Como? Verificar se a TE apresenta formas de concretizar o aprendizado do conteúdo, através de exemplos,  experiências, passeios ou desafios, que possam ser realizados.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar formas de concretizar o aprendizado do conteúdo, através de exemplos,  experiências, passeios ou desafios, como um passeio a um zoológico e o registro dos animais observados e suas categorias.

Princípio 4: Informação perceptível

4a. Utilizar diferentes modalidades (visuais, verbais, táteis) para apresentação redundante de informação.

  1. Apresentar saída redundante que descreva as informações visuais essenciais expostas na interface, possibilitando a percepção e interpretação do todo pelo usuário.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno/professor  cego acessando um sistema de frequência escolar utilizando um computador por meio de TA, como um leitor de tela, ou por meio de um Display Braille. Um exemplo de barreira a ser enfrentada é o aluno/professor não conseguir identificar onde deve indicar presença, caso a lista de presença esteja em formato não passível de interpretação por leitor de tela que emita som. Um outro exemplo de barreira é no caso de o aluno/professor não conseguir obter acesso ao sistema, se ele não estiver passível para apresentação em um display Braille.  
  1. Como? Utilizando um leitor de telas (e.g., NVDA, VoiceOver) ou funcionalidade da própria tecnologia educacional, verificar se é possível acessar via áudio todo o conteúdo visual mostrado no sistema de frequência.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve possibilitar o acesso via áudio de todo o conteúdo visual mostrado nela, incluindo imagens, tabelas, botões e paginação.
  1. Apresentar a informação de modo que o maior número de pessoas possa compreender.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno cego usando o quadro de avisos para ter informações sobre o horário de provas, localizado em uma sala de aula. Um exemplo de barreira enfrentada é a informação ser apresentada somente em texto escrito e a pessoa não conseguir compreender.
  1. Como? Verificar se a TE apresenta diferentes formatos de exibir a informação (ex: braile, libras, relevo).
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar diferentes formatos de exibir a informação (ex: braile, libras, relevo), de modo que possa ser compreendida pelo maior número de pessoas.

4b. Fornecer contraste adequado entre informação essencial e seus arredores.

  1. Destacar a informação mais importante.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um professor de Geografia usando um mapa do mundo para uma aula sobre estados e capitais brasileiras, localizado em uma sala de aula. Um exemplo de barreira enfrentada é ele não conseguir destacar ou dar zoom no Brasil, de modo que ele apresente algum destaque em relação aos demais países.
  1. Como? Verificar se TE destaca de alguma forma ou possibilita que as informações mais importantes sejam destacadas.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar a informação mais importante com algum tipo de destaque,  usando relevos, cores, tamanhos, formas e/ou ordem de apresentação.

4c. Maximizar "legibilidade" de informação essencial.

  1. Usar tamanhos de fonte, cores, negrito, itálico ou níveis de cabeçalho para tornar a informação essencial mais legível e/ou identificável.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um professor de Geografia usando um mapa do Brasil para uma aula sobre estados e capitais, localizado em uma sala de aula. Um exemplo de barreira enfrentada é as capitais serem apresentadas da mesma forma de que as outras cidades e a pessoa não conseguir diferenciá-las.
  1. Como? Verificar se a informação principal da TE é apresentada de maneira diferenciada em relação às demais, seja usando formas, tamanho de fonte ou cor.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar a informação mais importante de maneira diferenciada em relação às demais, seja usando formas, tamanho de fonte ou cor, de modo que é possível diferenciar as informações principais/essências das demais informações.

4d. Diferenciar elementos de maneira que eles possam ser descritos (i.e., tornar fácil dar instruções ou direções).

  1. Usar formas, direções, relevos ou outros elementos que possam ser descritos.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um professor de Geografia usando um mapa do Brasil para uma aula sobre estados e capitais, localizado em uma sala de aula. Um exemplo de barreira enfrentada é as capitais serem marcadas por uma forma abstrata e o professor não conseguir descrevê-la para um aluno cego.
  1. Como? Verificar se a Tecnologia Educacional usa formas, direções, relevos ou outros elementos que possam ser descritos.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve apresentar formas geométricas, direções, relevos ou outros elementos que possam ser descritos.

4e. Fornecer compatibilidade com uma variedade de técnicas ou dispositivos usadas por pessoas com limitações sensoriais.

  1. Possibilitar o uso de periféricos de tecnologia assistiva.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno com  usando um aplicativo de computador para realizar uma atividade extraclasse, localizado em um laboratório de informática. Um exemplo de barreira enfrentada é não ser possível utilizar o aplicativo com mouse adaptado.
  1. Como? Verificar se a TE possibilita o uso de periféricos de tecnologia assistiva (eg mouses, teclados, lupas).
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve possibilitar o uso de periféricos de tecnologia assistiva (eg mouses, teclados, lupas).

Princípio 5: Tolerância a erros

5a. Organizar elementos para minimizar riscos e erros: elementos mais utilizados, mais acessíveis; elementos que trazem risco devem ser removidos, isolados ou guardados.

  1. Possibilitar que informações sejam ocultadas.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um usuário com hemiplegia do lado direito do corpo usando um jogo para completar frases de um texto, localizado no ambiente virtual de aprendizagem- AVA . Um exemplo de barreira enfrentada é o recurso “completar”  não poder ser acionado por ambos lados do mouse, o aluno acionar a tecla incorreta e direcionado para outra tela.

b. Como? Utilizando um leitor de telas (e.g., NVDA, VoiceOver), teclas de sugestões, teclado virtual ou teclas de funcionalidade da própria tecnologia educacional. Verificar se é possível acessar via áudio/Voz todo o conteúdo, mostrado no sistema de frequência e corrigir quando necessário.

c. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve possibilitar ocultar teclas desnecessárias, acessar e/ou corrigir todas as atividades tendo todas informações, incluindo palavras, áudio, botões ou teclados virtuais.

5b. Fornecer avisos de riscos e erros.

  1. Exibir avisos e alertas sonoros para sinalizar erros, acertos ou finalização de tarefas.

  1. Por que?

i. Contexto de uso I: Considere um aluno com baixa visão usando um recurso de múltipla escolha em uma atividade de geografia sobre nome das capitais dos países pulsando cores correspondentes ao nome das capitais em um ambiente virtual. Um exemplo de barreira enfrentada é o aluno pulsar teclas/funções indevidamente tendo dificuldades de resolver a atividade.  

  1. Como? Verificar se o sistema emite aviso sonoro indicando erro e possibilitando correções.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve emitir aviso sonoro indicando erro e oferecer possibilidades de correções.

5c. Fornecer recursos seguros contra falhas.

  1. Possibilitar que uma ação seja revertida.

  1. Por que?

i. Contexto de uso I: Considere um aluno do quinto ano com baixo controle motor, usando um recurso de completar em uma atividade de matemática para resolver equações de primeiro grau, localizado em um ambiente virtual. Um exemplo de barreira enfrentada é o aluno ter hipotonia, pulsar teclas/funções indevidamente e não haver a possibilidade de voltar ou corrigir.

  1. Como? Verificar se a Tecnologia  Educacional possibilita retornar após uma tecla e/ou função ser pulsada.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve oferecer a função voltar ou corrigir para a pessoa corrigir quando pulsar errado a função/tecla.

5d. Desencorajar ações inconscientes em tarefas que exigem vigilância.

  1. Fornecer alertas ou barreiras antes de situações que não podem ser revertidas.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno da educação infantil usando um livro didático para uma tarefa de cortar e colar os planetas, localizado em uma aula de geografia. Um exemplo de barreira enfrentada é no lugar onde os planetas são colados não haver uma marcação de onde deve ser colado cada planeta, o aluno errar a posição de um e não poder corrigir.
  1. Como? Verificar se a Tecnologia Educacional fornece marcações ou alertas, de modo que o aluno possa agir de forma consciente.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve fornecer marcações ou alertas, de modo que o aluno possa agir de forma consciente.

Princípio 6: Baixo esforço físico

6a. Permitir que usuário mantenha uma posição corporal neutra.

  1. Permitir que a pessoa permaneça sentada ou em pé de forma alinhada durante todo o tempo.

  1.  Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno cadeirante usando o computador do Laboratório de Informática para fazer uma pesquisa sobre Conflitos Árabes. Um exemplo de barreira enfrentada é  a bancada dos computadores ser muito alta, impossibilitando que ele possa estudar de maneira confortável.
  1. Como? Verificar se a Tecnologia Educacional possui uma altura adequada para ser usada por cadeirantes e alunos sem deficiências.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve ser projetada e desenvolvida para que o maior número e diversidade de alunos possa utilizá-la com o mesmo conforto e baixo esforço físico.

6b. Usar forças de operação razoáveis.

  1. Possibilitar utilização com baixo esforço físico e sem a necessidade do uso das mãos.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno com uma mão quebrada usando a biblioteca da escola para ler sobre o Romantismo no Brasil. Um exemplo de barreira enfrentada é o aluno precisar sair levando um copo para beber água, usar o cotovelo para abrir a porta e não conseguir, pois a maçaneta é redonda.
  1. Como? Verificar se a Tecnologia Educacional possibilita operação com baixo esforço físico, usando os cotovelos, boca ou outros membros.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional não deve exigir o uso de mãos, possibilitando operação com baixo esforço físico, usando os cotovelos, boca ou outros membros.

6c. Minimizar ações repetitivas

  1. Permitir a criação de atalhos ou criar automaticamente atalhos para os links mais acessados.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno do ensino médio usando uma plataforma de Educação a distância  para fazer um curso de Inglês, localizado em um laboratório de informática. Um exemplo de barreira enfrentada é a cada vez que o aluno entrar no curso precisar procurar em um submenu a aula onde ele parou.
  1. Como? Verificar se a Tecnologia Educacional fornece atalhos para os itens acessados com maior frequência ou possibilita que a pessoa crie e armazene os seus próprios atalhos.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve fornecer atalhos para os itens acessados com maior frequência e exibir um atalho para retomar a atividade do último acesso.

6d. Minimizar esforço físico continuado

  1. Exigir o mínimo de esforço perceptual.

  1. Por que?

i. Contexto de uso I: Considere um grupo de alunos da educação infantil usando um jogo da memória para auxiliar no desenvolvimento da leitura, localizado em uma sala de leitura. Um exemplo de barreira enfrentada é o jogo possuir muitas peças e os alunos precisarem de muito tempo para encontrar os pares.

b.  Como? Verificar  se a Tecnologia Educacional exige um tempo razoável de atenção de acordo com a faixa etária das pessoas.

c.  Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve poder ser dividida em etapas ou fases, de modo que possa ser pausada ou feita em etapas para que exija um gasto razoável de tempo e atenção.

  1. Exigir baixo esforço cognitivo.

  1. Por que?

i. Contexto de uso I: Considere um aluno do ensino fundamental usando um aplicativo de quiz para fixação do conteúdo de Potências Matemáticas, localizado em uma aula de matemática. Um exemplo de barreira enfrentada é o quiz possuir 50 questões e não poder ser pausado sem perder o progresso.

b. Como? Verificar se as atividades fornecidas pela Tecnologia Educacional exigem um gasto razoável de tempo e raciocínio.

c. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve fornecer atividades separadas em etapas ou fases, de modo que possam haver pausas e que haja um gasto razoável de tempo e raciocínio.

3. Exigir baixo esforço motor.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno da EJA, que possui pouca coordenação motora, usando bagos de feijão para completar uma atividade de bingo com palavras, localizado em uma aula de língua portuguesa. Um exemplo de barreira enfrentada é ele precisar utilizar os bagos de feijão na letra chamada e ter dificuldade para pegar o feijão  e até mesmo colocar no local correspondente, pois, além do feijão, os espaços das letras também são pequenos.
  2. Contexto de uso II: Considere um aluno da educação infantil usando um Tablet Educacional para realizar uma atividade de pintura, localizado em uma aula de Educação Artística. Um exemplo de barreira enfrentada é  as formas que precisam ser pintadas estarem muito próximas e ao pintar uma o aluno acabar pintando outra por acidente.
  1. Como? Verificar se a Tecnologia Educacional oferece tamanhos e espaçamentos  razoáveis, de modo que possam ser manipulados com maior precisão, sem a necessidade de esforço motor e uso da motricidade fina.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve possuir formas, tamanhos e espaçamentos  adequados, de maneira que possa ser utilizada por todos sem dificuldades, por exemplo no contexto I ao invés de feijão poderiam ser usadas pedras.

Princípio 7: Dimensões e espaços para aproximação e uso

7a. Fornecer uma linha de visão direta a elementos importantes para qualquer usuário sentado ou em pé.

  1. Disponibilizar a TE na altura do alcance do olhar das pessoas que  irão utilizá-la.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno cadeirante utilizando um tabuleiro com peças para estudar  operações matemáticas, localizado em uma sala de jogos. Um exemplo de barreira enfrentada é o tabuleiro ser fixo em uma mesa alta e o aluno não conseguir ter uma boa visualização, havendo dificuldade para identificar as peças ou mesmo as características do tabuleiro e realizar as operações.    
  1. Como? Verificar se a Tecnologia Educacional pode ser posicionada para ficar disposta na altura do olhar das pessoas.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional e seus componentes devem ficar dispostos na linha de visão direta das pessoas.

7b. Tornar ao alcance de todos componentes para usuário sentado, em pé ou deitado.

  1. Disponibilizar a ação necessária para utilizar o material da TE ao alcance manual do usuário, sem que ele precise se deslocar no espaço.

  1. Por que?

i. Contexto de uso I: Considere uma pessoa que apresente uma condição de deficiência física, com restrições de mobilidade de membros inferiores, e irá utilizar um jogo com o mapa do Brasil impresso em lona das dimensões de 150cmx150cm em interação com sua interface no tablet onde deverá localizar e apontar em conjunto com seus colegas em sala, todos os Estados Federativos. Um exemplo de barreira enfrentada é aluno não conseguir alcançar e visualizar todo o mapa sobre a mesa, além de se deslocar para atingir o tablet, simultaneamente junto aos colegas.

  1. Como? Verificar se as ações propostas para o uso combinado da TE podem ser usadas de modo que o estudante não precise se deslocar especialmente em direção a objetos, ou mudar de postura, e tenha condições de concluir a atividade com êxito. Recursos de tecnologia assistiva de mobilidade podem ser utilizados de forma associada para esse fim, como cadeiras de rodas ou andadores.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve propor ações de modo que a pessoa não precise se deslocar especialmente em direção a objetos, ou mudar de postura, e tenha condições de concluir a atividade com êxito.  

7c. Acomodar variações de formatos e tamanhos de mão.

  1. Fornecer um meio de operação alternativo acessível sempre que partes operáveis da TE exijam agarrar, comprimir ou fletir o pulso para acionamento ou funcionamento das funcionalidades.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno deficiente físico, que não possui o movimento dos braços, usando um jogo de tabuleiro para uma atividade de interação com os colegas, localizado em uma sala de aula. Um exemplo de barreira enfrentada é as peças do jogo serem muito pequenas e não ser possível movimentá-las com auxílio dos pés ou boca.
  1. Como? Verificar se a TE permite mais de uma forma de movimentação, podendo ser movida com auxílio dos pés, mãos, boca, antebraços ou outras formas.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve permitir mais de uma forma de movimentação e de exigência de força exercida pelas articulações motoras para efetuar os mesmos movimentos ou ativar as funcionalidades.

7d. Fornecer espaço adequado para o uso de dispositivos assistivos ou auxílio pessoal.

  1. Fornecer espaço adequado para cadeirantes.

  1. Por que?
  1. Contexto de uso I: Considere um aluno cadeirante usando uma sala de estudos para fazer um trabalho em grupo. Um exemplo de barreira enfrentada é o fato de os bancos serem acoplados a mesa de estudos e não haver como o aluno encaixar sua cadeira de rodas para estudar.
  1. Como? Verificar se a TE fornece espaço adequado para estudantes cadeirantes.
  2. Resultados esperados: A Tecnologia Educacional deve possibilitar o uso por alunos cadeirantes ou permite que cadeiras sejam removidas para que a cadeira de rodas possa ser utilizada nos espaços comuns.


Estudo de Caso[u]

TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS (TEs) APLICADAS SOB OS PRINCÍPIOS DO DESENHO UNIVERSAL PARA A APRENDIZAGEM (DUA)

 

As TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS (TEs) destinam-se apenas aos estudantes com deficiência?

Quais seriam os possíveis usos das TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS (TEs) nas práticas pedagógicas em contextos educacionais regulares?

 

Além de as TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS (TEs), digitais ou não, serem concebidas e desenvolvidas com base nos citados fundamentos do Design Universal, recomenda-se que sejam implementadas, nos distintos contextos educacionais regulares, sustentadas nos princípios do Design Universal para a Aprendizagem (DUA).

Orientado pelo viés da equiparação de oportunidades, como pelo reconhecimento e valorização dos diversos ritmos e estilos de aprendizagem, nesse desenho – DUA, as TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS (TEs) podem ser utilizadas simultaneamente por um grupo heterogêneo de educandos, com e sem deficiência.

Assim, com referência em pesquisas na área da neurociência, o Center for Applied Special Technology (CAST, 2011) propôs três princípios orientadores ao desenvolvimento de uma prática pedagógica com base no DUA:

Princípio I – Fornecer múltiplos meios de representação (o "que" da aprendizagem),

Princípio II – Fornecer múltiplos meios de ação e expressão (o "como" da aprendizagem) e

Princípio III – Fornecer múltiplos meios de engajamento (o "porquê" da aprendizagem)

Esse Guia, além de pretender colaborar com desenvolvedores de TEs, por possuir um caráter pedagógico/formativo, a gestores, educadores, familiares e aos próprios usuários das TEs, apresentará então a aplicação dessas Tecnologias, na premissa do DUA, em contextos educacionais inclusivos heterogêneos.

 

DAS JUSTIFICATIVAS

Os princípios do DUA devem ser incorporados nos processos de ensino-aprendizagem quando se pensa em uma escola:

 

O CURRÍCULO SOB O DUA

Planejar e aplicar um currículo com base no DUA extrapola as concepções de currículos personalizados ou adaptados a partir das demandas dos estudantes com deficiência, já que pressupõe favorecer e contemplar aos diversos estilos e ritmos de aprendizagem. Por esse motivo, um currículo alicerçado no DUA, por desde o início prever objetivos, métodos, materiais e avaliações diversificados, coesos às variabilidades individuais dos educandos, de ritmos e estilos de aprendizagem, eliminaria a necessidade de adaptações individuais (CAST, 2011; ALVES, RIBEIRO, SIMÕES, 2013, PAULINO, 2017).

 

Pensando na operacionalização destes princípios em uma situação de aprendizagem, Nunes e Madureira (2015) sugeriram que esse processo se dê de forma cíclica, seguindo as respectivas fases:

  1.  A caracterização e análise do contexto de aprendizagem;
  2. O planejamento, que inclui a definição de objetivos, estratégias e formas de avaliar, em consonância com o DUA;
  3. A implementação do processo de ensino e aprendizagem propriamente dito; e,
  4. A avaliação desse processo.  

 

Nessa direção, Nunes e Madureira (2015) recomendaram e apresentaram um roteiro para o planejamento de aula, sob os princípios do DUA, o qual pode ser acessado no artigo Desenho Universal para a Aprendizagem: Construindo práticas pedagógicas inclusivas, a partir da página 44.

Além desse roteiro, com o propósito de ilustrar o emprego de TEs em uma situação de ensino alicerçada pelo DUA, na sequência se expõe o planejamento e desenvolvimento de uma prática pedagógica do Conteúdo Curricular: Sistema Solar do Componente do Currículo: Ciências Naturais. Tal prática foi estruturada para uma sala de aula regular heterogênea do 4º ano do ensino fundamental, composta por 27 estudantes, sendo que um deles tem cegueira.

Assim, com base nos três princípios do DUA planejou-se e desenvolveu-se a respectiva prática pedagógica:

Princípio I – Fornecer múltiplos meios de representação: devido à presença de um educando com cegueira, foram selecionadas TEs para suporte ao conteúdo que possuíssem outros meios sensoriais de acesso à informação, que não apenas o visual.

Princípio II – Fornecer múltiplos meios de ação e expressão (o "como" da aprendizagem). Os educandos puderam agir e interagir com as TEs disponibilizadas, conforme seus interesses, preferências, ritmos e estilos de aprendizagem. Acerca da expressão foi oportunizado, aqueles que tiveram interesse, que explanassem a toda turma sua compreensão sobre os conceitos relacionados às TEs e vinculados ao conteúdo da aula, assim como que produzissem um texto, em tinta e em braille – no caso do aluno com cegueira,  em relação ao conteúdo, as estratégias e tecnologias utilizadas na prática pedagógica.

Princípio III: Fornecer múltiplos meios de engajamento (o "porquê" da aprendizagem). Dadas as distintas motivações ao engajamento, oportunizou-se que os educandos acessassem aos conceitos relacionados às TEs individualmente ou em grupo, por meio da organização da sala em estações de ensino.

No Quadro 1 é possível conferir outros detalhes dessa prática pedagógica:

 

PROTOCOLO PARA REGISTRO E AVALIAÇÃO DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS CURRICULARES

CURRÍCULO

Conteúdo Curricular: Sistema Solar

Componente do currículo: Ciências Naturais

Objetivos: Compreensão dos elementos que compõem o sistema solar, dos movimentos da terra, das estações do ano.

Planejamento apoiado no DUA: (x) Sim (  ) Não

TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS

Tecnologia Educacional Geral (não confeccionada ou adaptada para atender a diferenças sensoriais, físicas ou intelectuais):

(x) Quadro branco e pincel marcador: para registro durante a exposição do conteúdo da aula.

(  ) Material impresso

(  ) Livro Didático

(x) Vídeo: “O Sistema Solar”, baixado do site: https://www.youtube.com/watch?v=BIoTRdB6w8U, a partir das palavras chave: sistema solar, projetado usando-se um notebook e um data show, pertencentes à escola.

(  ) Livro Paradidático

Outro:

Tecnologia Educacional Acessível (acessível ao aluno com deficiência, nesse caso, com cegueira):

(x) Selecionado: 1) Globo Terrestre (sem relevo ou texturização), 2) Bola pequena de plástico (representando a lua), 3) Kit “Entendendo o Planeta Terra” [1]  – todos pertencentes ao acervo de uso comum da escola e 4) Máquina Braille Perkins.

(  ) Adaptado

(x) Confeccionado: Maquete tátil: as estações do ano – composta pelo sol e por quatro planetas terra, em diferentes inclinações, representando as estações do ano, produzida por um grupo de alunos da Disciplina Procedimentos de Ensino: Deficiência Visual, do Curso de Licenciatura em Educação Especial, sob orientação da professora do coensino.

 

Informação sensorial da Tecnologia Educacional Acessível:

(x) Tátil (  ) Auditivo (  ) Olfativo (  ) Gustativo (x) Visual

 

Momento em que foi providenciado o Recurso Pedagógico Específico, em relação à aula:

(x) Prévio   (  ) Imediato

 

Uso exclusivo pelo aluno com deficiência?

(  ) Sim        (x) Não

Materiais e procedimentos usados à adaptação ou confecção da Tecnologia Educacional Acessível:

 

FIGURA 1. Maquete tátil: as estações do ano – Fonte: Acervo próprio

 

 

FIGURA 2. Foto da legenda da Maquete tátil: as estações do ano – Fonte: Acervo próprio

 

1)         Base: placa de isopor pintada com tinta guache e palitos de churrasco para sustentar os planetas e o sol.

2)         Planetas: bolas de isopor pintadas com tinta guache e com contornos dos continentes feitos com linha de crochê e da linha do equador com barbante; arame para ligar os planetas, representando o trajeto que realizam.

3)         Sol: bola de isopor encapada com embalagem de rede para fruta e fio rígido saindo do sol direcionado aos planetas, indicando os seus raios e locais de maior incidência.

4)         Eixo da Terra: alfinetes com cabeça de bola coloridos, fixados nas na parte superior e inferior das bolas de isopor (terra), representando o seu eixo.

5)         Legenda: produzida em papel com pedaço da rede para fruta, arame, fio rígido e texto correspondente em tinta, com fonte ampliada e braille.

Uso da Tecnologia Educacional Acessível:

1)         Maquete tátil: estações do ano: O recurso foi acomodado sobre uma mesa grande e explorado tátil e/ou visualmente por todos os alunos, divididos em grupos de até quatro.

FIGURA 3. Foto da Maquete tátil: estações do ano sendo explorada por três alunos – Fonte: Acervo próprio.

 

2)                 Globo Terrestre (sem relevo ou texturização - Apesar do Globo não dispor de relevo ou texturização, optou-se pelo seu uso, com toda a turma, incluindo o aluno com cegueira, por estar disponível na escola e compreender que com a mediação adequada, alguns elementos poderiam ser identificados por ele) e 3) Bola pequena azul de plástico (representando a lua) – dispostos sobre a mesa do estudante com cegueira, foram manipulados por ele, como pelos demais alunos, de acordo com o interesse.

 

FIGURA 4. Foto do aluno com cegueira com a mão sobre o Globo Terrestre e segurando a Bola pequena (lua) – Fonte: Autoria própria.

 

3)         Kit “Entendendo o Planeta Terra” – montado em uma mesa ao fundo da sala, o recurso foi explorado por todos os alunos; o aluno com cegueira contou ainda com a mediação e apoio tátil (direcionamento físico de sua mão) desta pesquisadora como de seus colegas à sua exploração.

 

 

FIGURA 5. Foto de um colega direcionando a mão do estudante com cegueira a exploração do Kit “Entendendo o Planeta Terra” – Fonte: Acervo próprio.

 

4)         Máquina Braille Perkins: utilizada exclusivamente pelo estudante com cegueira, em sua mesa, para produção do texto “Relato da Experiência” da aula, com o suporte de uma colega que havia concluído sua produção e se ofereceu para ajudá-lo.

 

FIGURA 6. Foto do estudante com cegueira sentado, usando sua máquina de escrever braille e de uma colega,  apoiada a sua mesa – Fonte: Acervo próprio.

MEDIAÇÃO

Desenvolvimento/sequência da prática pedagógica:

1) Apresentação do conteúdo

2) Projeção do filme “O Sistema Solar”.[2]

3) Exploração das Tecnologias Educacionais Acessíveis

4) Interlocução Verbal sobre os conceitos

5) Produção de texto “Relato de Experiência”

Atores da Mediação Pedagógica:

(x) Professora (x) Colegas (x) Educadora Especial do Coensino/Pesquisadora

Descrição: o conteúdo curricular foi apresentando e retomado pelas educadoras, especial do coensino/pesquisadora e da sala regular, como explicado pelos pares; já a instrução para a realização da atividade pedagógica (produção de texto “Relato de Experiência”), foi fornecida apenas pela educadora da sala regular, verbalmente a todos os alunos.

Produção da turma:

Os alunos, por orientação da professora da sala regular realizaram uma produção escrita “Relato de Experiência”, sobre a aula, em tinta e em braille, no caso do educando com cegueira.

AVALIAÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA PELOS ALUNOS E PELA PROFESSORA DA SALA REGULAR

Avaliação dos recursos e da mediação:

(x) Alunos: por característica da atividade escrita “Relato de Experiência” obteve-se uma opinião positiva dos alunos a respeito dos recursos e da mediação, sobretudo pela variabilidade de meios para o acesso, engajamento e expressão. O aluno com cegueira demonstrou pouco entendimento do conteúdo do vídeo, apesar de contar com a Audiodescrição, devido ao narrador falar “português de Portugal”; disse que não estava entendendo nada, “por estar em espanhol”.

(x) Professora: a professora da sala de aula regular considerou que a turma apreciou e participou da aula e que essa Educadora Especial do Coensino/Pesquisadora colaborou não somente com a aprendizagem do aluno com cegueira, mas de todos.

Fonte: Paulino (2017)

 

Ainda é importante destacar que a prática pedagógica apresentada foi planejada e desenvolvida por duas educadoras, uma da sala de aula regular e outra de educação especial, pelo modelo de serviço do Coensino.

Por fim, a intenção neste tópico foi indicar que a aplicação pedagógica do recurso de Tecnologia Educacional deve ser planejada e executada de maneira a favorecer o acesso e a participação de todos os alunos, diante da diversidade de ritmos e estilos de aprendizagem presentes em sala de aula. Isso porque, as características em si dos materiais tecnológicos irão favorecer esse acesso, porém sua aplicação será potencializada se ele estiver circunscrito em uma prática pedagógica de caráter “universal”.

 

Para saber mais sobre o DUA, acesse:

 

ZERBATO, A. P. Desenho universal para aprendizagem na perspectiva da inclusão escolar: potencialidades e limites de uma formação colaborativa. 2018. 298 f. Tese (Doutorado em Educação Especial) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2018.

 

Sobre o Coensino, acesse:

 

VILARONGA, Carla Ariela Rios; MENDES, Enicéia Gonçalves. Ensino colaborativo para o apoio à inclusão escolar: práticas colaborativas entre os professores. Rev. Bras. Estud. Pedagog.,  Brasília ,  v. 95, n. 239, p. 139-151,  abr.  2014 .   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-66812014000100008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em:  23  maio  2019.

 http://dx.doi.org/10.1590/S2176-66812014000100008.

 

REFERÊNCIAS

 

ALVES, M. M.; RIBEIRO, J.; SIMÕES, F. Universal Design for Learning (UDL): contributos para uma escola de todos. In: Revista Indagatio Didactica, vol. 5, n. 4, dez/2013. Disponível em: < http://revistas.ua.pt/index.php/ID/article/view/2570>Acesso em: 22 de jun. de 2017.

 

CAST. Universal Design for Learning Guidelines version 2.0. Wakefield, MA: Author.2011

 

NUNES, C.; MADUREIRA, I. Desenho Universal para a Aprendizagem: Construindo práticas pedagógicas inclusivas, Da Investigação às Práticas, 5(2), 126 - 143, 2015. Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/pdf/inp/v5n2/v5n2a08.pdf>. Acesso em: 12 de dez. de 2018.

 

PAULINO, V. C. Efeitos do coensino na mediação pedagógica para estudantes com cegueira congênita. 2017. 206 f. Tese (Doutorado em Educação Especial) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2017.

 


[1] Esta Tecnologia Educacional, doada pela USP de São Carlos para a escola em que foi conduzida essa prática pedagógica, compõe o acervo de kits educativos produzidos pela empresa Educar. Inicialmente financiados pela CAPES, os kits visam suprir déficits acerca do ensino prático de ciências. Neste kit o sol é representado por uma luminária, composta por lâmpada incandescente em bocal (Fonte: https://www.educarecompanhia.com/).

[2] Fonte do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=BIoTRdB6w8U

   


[1] http://universaldesign.ie/What-is-Universal-Design/Definition-and-Overview/

[2] CARLETTO, Ana Claudia, CAMBIAGHI, Silvana. Desenho Universal: um conceito para todos. São Paulo: Instituto Mara Gabrilli, 2008, 38p.

[a]em junho Vanessa e eu havíamos feito a sugestão de Tecnologias educacionais universais.  Entendo que o grupo optou por não alterar o termo. Há alguma justificativa para isso? apenas para nós podermos cuidar disso em outras produções sobre o tema ;)

[b]creio que não houve discussão sobre isso. Eu concordo com a proposta.

[c]pela definição do CAT a tecnologia assistiva é uma área de conhecimento maior do que os produtos em si. Sugiro que o glossário discrimine isso ou assuma o termos Produto de tecnologia assistiva

[d]Sistema Computacional Educacional é que deveria ser usado para essa definição apresentada. TE deve ser qualquer artefato de apoio ao processo de ensino aprendizagem, seja um quebra-cabeças, um jogo de cartas, um aplicativo, etc.

[e]Kríssia,

O Edital 25/2018 do MEC, onde desenvolvimento a primeira versão das normativas, apresenta nos itens 3.2.1 a 3.2.3 definições gerais sobre o que é ser Perceptível, Operável e Compreensível. Acho que uma definição prévia dessas orienta a leitura do Checklist como um todo.

As definições dos itens 3.3 (barreiras) com o subsequente detalhamento do que são as diferentes modalidades de percepção e operação também torna mais preciso as definições dos tópicos.

Poderia ter um tópico introdutório antes de iniciar a apresentação dos tópicos

https://tecnologiaeducacional.mec.gov.br/assets-plataforma-evidencias/1542220982-edital.pdf

[f]Como checklist não seria mais intuitivo sempre separar como tópicos diferentes a parte de acesso à informação da parte de operação?

[g]Outra sugestão é indicar termos mais genéricos e exemplificar com os periféricos e tecnologias atualmente disponíveis.

Nesse caso poderia ser "operável via forma alternativa de ativação** das funcionalidades (i.e. teclado)"

OU

"operável via forma alternativa de ACIONAMENTO das funcionalidades (i.e. teclado)"

** não tá bom ainda, mas seria essa a ideia

[h]Uma forma de manter a lógica do documento é sempre agrupar tudo que for referente á apresentação alternativa de informação (acesso) e depois tudo que for referente à operação (e formas alternativas de operação) das TE

[i]mas você acha que esse agrupamento poderia ser dentro do mesmo tópico?

[j]Não seria interessante, como medida pedagógica para o ecossistema de desenvolvimento, indicar de forma mais geral que se recomenda apresentação geral da TE em mais de um formato/modalidade de apresentação de informação e citar como possibilidade Libras, Braile

[k]Outra sugestão, é que se inclua no tópico que deve ser SEMPRE apresentado, também, as informações relevantes em termos legais e direitos de uso. Geralmente não apresentados de forma alternativa

[l]Concordo.

[m]Krissia, criar mais 1 contexto em que as informações relevantes em termos legais e direitos de uso da TE não são apresentadas em formato alternativo.

[n]contemplar tbm info em Braile

[o]Essa seção, a primeira vista, parece redundante com as indicaçõesa já apresentadas.

Contudo, pode ser uma boa oportunidade para prover orientações com relação à aspectos relacionados à compreensão. Especialmente à evitar que o usuário receba mensagens de caráter estigmatizantes ou segregadoras. No sentido de evitar apresentar a informação de forma estereotipada para certos tipos de condições ou deficiências.

 -  Ex. Apresentar versão com alto contrates acionada por um botão que INDICA ACESSIBILIDADE PARA PESSOAL COM BAIXA VISÃO, sem especificar o TIPO de baixa visão. O ideal seria que os botões indicassem apenas que há versão de alto contrate,  que altera tamanho do texto, altera formato do texto, etc... Sem, dessa forma, estigmatizando que todos os usuários com baixa visão se beneficiariam de uma versão em alto contrates.

Ou seja, minha sugestão é que esse tópico seja utilizado mais para alertar aos desenvolvedores de que devem evitar suposições generalizantes entre deficiência e funcionalidade, e serem mais descritivos com relação à barreira que a funcionalidade auxilia a remover

[p]Não seria um sub-tópico ou exemplo  (proposta de implementação) dentro do tópico anterior?

[q]Bem difícil de operacionalizar...

Porém, pode ser utilizado para enfatizar outro aspecto relevante: a tentativa de manter as dimensões estilísticas quando se transforma a modalidade de operação.

Por exemplo, um mapa apresentado graficamente e que utiliza aspectos de humor na imagem deveria ser representado na forma alternativa de modo a manter o espírito bem humorado do áudio ou texto que o descreve.

Um exemplo comum são as expressões faciais do interprete de Libras para enfatizar a entonação afetiva do que está sendo dito.

[r]Esse príncípio mistura aspectos de operação com acesso, Às vezes de modo redundante.

[s]De forma geral acho mais pedagógico para o ecossistema sempre apresentar um princípio mais geral (Promover sinalização da forma alternativa de apresentação da informação - Ex. Libras).

Outro ponto que essa tópico enfatiza e seria bom deixarmos mais claro é a busca por manter o nível de inteligibilidade entre diferentes modalidade de  apresentação da informação.

[t]Se for adotado uma estrutura como a sugerida (focada na remoção das barreiras por modalidade), esse tópico talvez se encaixasse mais em um princípio geral sobre manutenção da inteligibilidade (coerência do fluxo de informação), e a indicação do primeiro atalho seria um exemplo ou cenário

[u]o grupo decidiu manter o estudo de caso como sugestão?